Com este artigo, damos início as novas revisões literárias do Trek Brasilis, iniciando com Star Trek: To Reign in Hell — The Exile of Khan Noonien Singh, de autoria de Greg Cox. Começaremos com uma breve introdução da obra, seguindo com o modelo Resumo/Comentário que será publicado em série aqui no TB.
Introdução
Star Trek: To Reign in Hell — The Exile of Khan Noonien Singh
por Greg Cox
Paperback, publicado pela Pocket Books
384 páginas, Maio de 2006
Este é o terceiro trabalho de Greg Cox focando em Khan, um dos antagonistas favoritos do fandom de Jornada nas Estrelas. Este em particular trata sobre os eventos imediatamente após o episódio “Space Seed”, ou seja, o que ocorreu entre Khan e seus seguidores serem exilados em Ceti Alpha V e eles serem encontrados pela tripulação da Reliant durante os eventos de Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan. Como é situado durante um período bem distinto dos dois primeiros livros, ele pode ser lido por si mesmo sem dependência dos anteriores, mas uma familiarização com os Volumes Um e Dois de Eugenic Wars é aconselhável, por Greg Cox faz diversas referências a estes dois volumes anteriores.
Resumo, Primeira Parte
A trama começa em 2287, na data estelar 8415.9, imediatamente após os eventos de Jornada nas Estrelas IV: A Viagem para Casa. Enquanto a Enterprise-A é preparada para seu “shakedown cruise”, James Kirk reserva este seu tempo livre para embarcar em uma missão pessoal, incentivado por uma combinação de dúvida, culpa, lamento e curiosidade histórica. Juntamente com McCoy, Spock e Sulu (Uhura e Chekov ficam com Scott, que lidera o time trabalhando na nova “Connie” deles), Kirk viaja até Ceti Alpha V, para procurar algo que o ajude a entender melhor todo o conflito que teve com Khan — desde os eventos originais até o recente embate com ele sobre o Projeto Gênesis, e tudo o mais de conseqüência disto, que resultaram em tantas mortes, incluindo a temporária de seu melhor amigo e a permanente de seu filho.
É uma missão pessoal, assim eles usam trajes e veículo civis para tanto, um shuttle de tamanho médio capaz de dobra. Durante a viagem e conversas a respeito, McCoy faz as mesmas perguntas que o fandom costuma fazer: como pode a tripulação da Reliant confundir Ceti Alpha V com o VI? Resposta: tudo o que tinham era o reconhecimento básico feito pela Enterprise mais de quinze anos antes, e a explosão do VI fez com que o V fosse o planeta mais externo do sistema próximo a um campo de asteróides, referência primária para quem se aproximasse dele vindo do exterior. Como pode a Frota esquecer de Khan e nunca checar a situação? Resposta: burocracia federada somada ao status secreto do evento todo; como é que Chekov não avisou o Capitão Terrell, da Reliant, que Khan estaria (supostamente) a apenas um planeta dali? Resposta: Chekov estava limitado pelo comprometimento de manter segredo, e ele acreditando que Ceti Alpha VI não se encaixaria nos requisitos estabelecidos pela Dra. Carol Marcus, então eles sairiam dali sem necessidade de uma menção sobre Khan, mantendo o status “need-to-know”.
Chegando ao planeta, o nosso triunvirato favorito na franquia se encarrega de descer para explorar a superfície, enquanto Sulu tripula o pequeno cruzador em órbita. Usando roupas EVA, o grupo avança pelas tempestades de areia até as coordenadas fornecidas por Chekov e a tripulação da Reliant, e entram em um dos compartimentos do abandonado acampamento de Khan. Enquanto vasculham a área, Spock detecta que há um conjunto de cavernas abaixo deles, e logo uma passagem é encontrada ligando o abrigo as cavernas. Sendo seguro para exploração, o grupo se depara com um amplo complexo de cavernas que avaliam ter sido usado de abrigo por Khan e seu grupo. Com mais buscas, eles descobrem uma “parede falsa” no fim de um dos corredores, e atrás, um conjunto de duas tumbas.
Em uma, a inscrição diz Marla McGivers Singh, Beloved Wife, 2242-2273 Anno Domini, “A Superior Woman”; na segunda tumba, que estaria reservada para Khan, Kirk especula, eles encontram um conjunto valioso para as intenções deles, nada menos do que o diário pessoal de Khan e um conjunto de mídia removível para tricorder, contendo os registros pessoais de Marla. E é com esta informação que Kirk e os demais começam a conhecer mais a respeito dos eventos que ali ocorreram.
Encontramos novamente Khan imediatamente após terminar sua teleportagem para Ceti Alpha V, onde já estavam um grupamento federado escoltando seus seguidores, totalizando cerca de 70, 80 pessoas, mais ele próprio e Marla McGivers, a Tenente da Frota Estelar que o ajudou e optou por o seguir no exílio. Após Chekov (sim, ele mesmo) passar algumas considerações finais a Khan, ele o deseja boa sorte em nome de seu Capitão, e por último entrega um feiser de mão, a única arma do século 23 com a qual o grupo vai poder contar, sendo tudo o mais era o que estava na Botany Bay, fuzis de assalto do século 20 como o M-16 e pistolas semi-automáticas, etc.
O grupo federado se teleporta para partir, e Khan usa o momento para se dirigir a seus seguidores, todos ali reunidos na área selecionada pela pesquisa da Enterprise como sendo adequada para o estabelecimento de uma colônia. Ali, no hemisfério sul de Ceti Alpha V, eles fundam “Nova Chandigarh” na foz de um rio que Khan batiza de Kaur, nome de sua mãe. Ali, assegura Khan, eles irão iniciar a construção de um magnífico império digno dele e de seus seguidores geneticamente modificados. Mas durante seu discurso inicial, um de seus seguidores, Harulf Ericsson, um norueguês, chega a questionar a liderança de Khan do grupo, coisa que ele rapidamente resolve com uma disputa de postura em que Kahn leva a melhor. Ainda assim, Khan faz uma nota mental para ficar de olho no sujeito.
Entrementes, Marla está com seus próprios problemas. Enquanto Khan, Joaquin e alguns outros estabeleciam um perímetro básico ao redor do acampamento, ela inventariava os suprimentos e equipamentos recuperados da Botany Bay bem como os que a Enterprise os entregou adicionalmente. Nisto, uma fulana resolve criar caso com a federada, Zuleika Walker, aproveitando um descuido de Marla, que esbarrou nela. Zuleika a acusa de ter sido a responsável pelo fracasso deles em tomar a Enterprise, e que ela, uma reles humana, não pode se comparar com eles, magníficos espécies geneticamente melhorados. Incentivado por alguns dos demais augments, Zuleika quer pegar Marla de jeito e chega a derrubar ela, mas Khan percebe a confusão e já manda um sossega-leão na augment, avisando a todos que Marla está sob sua proteção.
Marla agradece seu companheiro, mas pondera para si mesma que ela é uma exilada entre exilados. Este senso de solidão cria algumas dúvidas em Marla se esta teria sido a sua melhor decisão, mas saber que está com Khan sempre faz com que ela considere que foi a mais correta. Khan a assegura que seus seguidores irão logo ver o valor dela como ele próprio já percebe, ainda que Marla tem suas próprias dúvidas.
Após o acampamento para a primeira noite ser preparado, o grupo faz a janta de rações de emergência da Frota, mas Khan já quer estabelecer um processo de providenciar víveres imediatamente no dia seguinte. Durante a noite, Khan e Marla conversam (e fazem outras atividades, obviamente) mais privadamente, a primeira vez que tem a chance disto desde que estiveram juntos no aposento dela na Enterprise. Ela conta sobre si mesma e como considerava sua vidinha muito lugar comum, apesar de estar na Frota e afins, já que seu trabalho se resumia apenas a pesquisa história — ela relata alguns dos eventos pelos quais passou que remetem a vários episódios de TOS. Khan contudo a assegura que são experiências valiosas que demonstram uma mulher de fibra, e que seus conhecimentos serão importantes para o futuro da colônia deles.
Mas durante a noite, o grupo todo é subitamente desperto por gritos e tiros. Khan pede para Marla aguardar nos sacos de dormir, enquanto ele e alguns de seus lugar-tenentes vão investigar o ocorrido. Ceti Alpha V não tem vida inteligente indígena, mas Khan quer saber o que, afinal de contas, atacou tão violentamente o grupo e que custou a vida, logo de cara, de nada menos do que três de seu pessoal, perdas enormes considerando o tamanho do grupo.
No dia seguinte, eles conseguem determinar a natureza básica da fera, uma espécie de felino que aparentemente se assemelha aos antigos dente-de-sabre pré-histórico terrestres. Khan usa a oportunidade para comentar que considera curioso como um planeta como aquele pode ser semelhante a Terra, mas Marla comenta que isto é até comum em Jornad… quer dizer, comum na galáxia deles, e que Ceti Alpha V em particular lembra o período Pleistoceno, da Terra, gigantismo de vertebrados e afins incluso.
Durante uma incursão na mata com Marla, Joaquin, Ericsson (o cuidado de manter amigos perto e inimigos mais ainda) e outros, o grupo consegue encontrar e matar um dos selvagens felinos, cuja cabeça decepada Khan leva de volta para Nova Chandigarh como troféu de vingança pela fera ter matado três de seu pessoal. Durante a busca, Parvati Rao, uma das “redshirt” do grupo, vamos dizer assim, se fere na luta, e Marla ministra primeiro-socorros básicos com um kit médico federado o qual, por razões óbvias, apenas Marla ali sabe manejar com competência. A federada também ajuda a mulher a voltar para o acampamento para receber tratamento mais adequado do médico do grupo, coisa que faz com que aquela augment em particular, além de Khan, seja a única a ter alguma relação amistosa com Marla. Khan faz uma cerimônia de lembrança pelos três companheiros caídos, mas ele ainda não está satisfeito, pois ele sabe que deve haver mais daquelas feras, e que será importante se manterem alertas. Ceti Alpha V se mostra um mundo que Khan terá satisfação em domar para construir seus domínios.
Continua…
Comentários Iniciais
Tal qual com os dois primeiros volumes da trilogia Khan, To Reign in Hell — The Exile of Khan Noonien Singh é um livro o qual lemos já sabendo de antemão como irá terminar. De um jeito ou de outro, o desenvolvimento de Khan de seu “império” irá ser interrompido pelo cataclisma de Ceti Alpha VI, seu novo paraíso irá virar um inferno e eles lutarão para sobreviver até o dia em que acabam encontrados por Chekov e Terrell, da Reliant.
Portanto, lemos a obra para saber os detalhes destes eventos, e até o momento, este tem sido o volume mais “virador de página” da trilogia; Greg Cox consegue dar a narrativa um fluxo muito bom, e um colorido muito interessante ao início da vida deles em Ceti Alpha V, e durante cada evento do texto, não tem como sentir um prévio sentimento de perda em saber de antemão que aquilo tudo logo irá ruir; certamente uma percepção que os federados acompanhando o diário de Khan e os registros de Marla também devem ter.
Seja como for, ainda é cedo para um julgamento da obra, claro, estas são apenas primeiras impressões até o momento, mas a curiosidade é grande para saber como ocorreu o momento pivotal na trama, a catástrofe climática que irá complicar as coisas para aqueles super-humanos. Vamos ver como se desenrola a trama na próxima parte desta revisão.