O site The TrekMovie conseguiu uma entrevista exclusiva com o roteirista Roberto Orci, que fez alguns comentários a respeito do primeiro teaser trailer de Jornada nas Estrelas, que vazou na internet antes do anunciado dia 21 de janeiro. Orci tirou algumas dúvidas e explicou o significado das vozes e imagens que surgiram no trailer. O texto está recheado de spoilers.
Roberto Orci começou dizendo que se sente maravilhado e amedrontado ao mesmo tempo por trabalhar na maior produção que a franquia de Jornada nas Estrelas já teve. “Não há como voltar mais”, disse Orci.
O roteirista recusou-se a dizer se o teaser fazia parte do filme, mas disse ter ficado impressionado com a disposição de Leonard Nimoy (Spock) para cooperar com a produção, lembrando que ele chegou a gravar sua fala no trailer durante o intervalo de suas filmagens.
Teria sido o teaser uma tentativa de conectar Jornada ao nosso mundo? Peguntou o repórter do site, “Isso mesmo”, disse o roteirista, “Isso é conosco. É o que nós somos. É real. Talvez não esteja tão longe no futuro como costumava ser. Nos anos 60 o celular era fantasia. Agora, o comunicador que Kirk tinha não era tão avançado quanto meu iPhone. Este é um milênio diferente. Nós estamos literalmente um século mais próximos do que estávamos antes (do século 23)”.
O teaser contém vozes dos anos 60 referentes à NASA e ao presidente americano John F. Kennedy (JFK), que surgem juntamente com as imagens. Orci explica sua relação com Jornada, “Primeiro de tudo, esse roteiro foi escrito sobre um Kirk, de um certo modo, moldado por JFK. Assim como Kirk foi o capitão mais jovem da Frota, Kennedy foi o presidente mais jovem dos EUA. Obviamente, sendo a corrida espacial iniciada por JFK, isso está muito associado com Jornada. Foi também por causa disso que conectamos de volta aos dias de hoje. Se nós, de fato, tivermos uma Federação, creio que as palavras de Kennedy estarão gravadas em algum lugar. Ele deu a arrancada. E terceiro que há uma leve inclinação para a série Enterprise. Com isso não estamos cegos para o fato de trazermos de volta alguns dos mais históricos aspectos de Jornada, que não foram abrangidos naquele momento (pela série original). Isso é algo que Enterprise tendeu a fazer também”.
E quanto à imagem da USS Enterprise sendo construída em terra, não imaginava que isso geraria controvérsia? Orci respondeu, “Com certeza. Além de consultarmos o material temático, nós discutimos sobre o assunto, o qual é para conectar aos dias de hoje, e tornar isso claro para as pessoas. Primeiro que há uma noção de que existe precedente nos livros e etc, de que os componentes da nave possam ser construídos em terra e montados aqui ou acolá. E a segunda coisa é que a nave Enterprise não é algum tipo de frágil iate que tenha de ser delicadamente cuidada e montada. A idéia de que as coisas têm de ser montadas no espaço tem sido normalmente associadas com algo que não tenha de estar sob qualquer tipo de situação de pressão e que jamais tenha de entrar num poço de gravidade. Isso não é o caso da Enterprise. A nave Enterprise, na verdade, tem de manter a propulsão de dobra, a qual nós sabemos que não é, na realidade, o que a move, mas é mais uma curvatura do espaço a sua volta. Nós também sabemos que seus decks, essencialmente, simulam a gravidade da Terra e isso não é um tipo de gravidade criada por força centrífuga, não é uma gravidade artificalmente criada por rotação. Ela é criada por um campo artificial e desse modo é muito natural, que ao invés de ter de criar um falso campo, no qual você terá de calibrar tudo, apenas fazer isso na gravidade exata que você está querendo simular. E por fim, para fazer equilibrar corretamente as naceles, elas têm de ser construídas em gravidade”.
De onde veio essa conclusão? “Ela veio de nossa liberdade criativa. Ninguém pode me dizer que isso não seja possível. Que para fazer o balanço corretamente das naceles, elas não tenham de ser construídas na gravidade”.
Disse ainda o roteirista que a placa dedicatória que aparece na nave com os dizeres: “São Francisco, Califórnia” (primeira versão) coincide com o seu pensamento e que isso também é parte da literatura e de outras fontes não canônicas que existem, acrescentando que eles consultaram essas fontes para decidirem sobre determinados assuntos em áreas não esclarecidas pelo cânon.
Então ela foi construída em São Francsico e não na Área 51, como noticiaram os rumores? “Eu só posso confirmar que não foi na Área 51”.
Sobre as primeiras reações de alguns trekkers apenas nesse primeiro trailer não tem receio de que possa haver mais críticas sobre o que estão fazendo? “Não realmente. O principal julgamento é se a teoria do filme funcionará ou não. E a teoria, de certa forma, também engloba se você aceitará o filme ou não. Então, nós não iremos nos preocupar com os pequenos detalhes. Nós nos preocuparemos se você aceitará nossa interpretação ou não disso. Mas isso não é uma surpresa. Quando estávamos construindo o trailer sabíamos que muitas pessoas iriam criticá-lo. Temos os nossos olhos bem abertos, eu creio. Mas, é claro que ele está assustando. Eu já disse que nessas vezes quando o cânon é vago, nós (produtores) somos a Suprema Corte e a corte tem de decidir por um lado ou por outro”.
Qual o significado da expressão “Em Construção”? “A literal interpretação que nós estamos pondo no filme a respeito da nave, mas também comunicar a idéia de que é algo que poderá chegar logo. É a idéia de que a Federação pode existir. A idéia de que o futuro está mais próximo do que estava nos anos 60”.
Por que não há o título do filme “Jornada nas Estrelas” no trailer? “Nada mais do que nosso “Modus Operandi”. Para fazer as pessoas perguntarem: o que é isso? E alguém responder que é Jornada”.
Fonte: Trek Movie