Sr. Paris, trace um curso… para casa!
Depois de alguns lançamentos de A Nova Geração e Deep Space Nine, Jornada nas Estrelas: Voyager finalmente fez sua estréia em DVD. Tendo o acontecimento em vista, achei que seria bom revisitar o primeiro ano de série em um artigo mais ou menos nos moldes daqueles premiados do colega Luiz Castanheira. E que venham as cenas inéditas de Geneviève Bujold!
Fonte: Star Trek Communicator
Introdução
Voyager apareceu nas telas norte-americanas em janeiro de 1995 com a promessa de atingir o mesmo sucesso de A Nova Geração. Aparentemente, nem o estúdio nem Rick Berman estavam dispostos a apostar todas as fichas em Deep Space Nine, que, em seu segundo ano, ainda não tinha se popularizado em larga escala. Assim, após a estréia, a nova saga procurou resgatar a essência de Jornada, inclusive com elementos da Série Clássica.
Mas o desenvolvimento do primeiro ano refletiu muito do que se passava nos bastidores, e esses acontecimentos não eram nada agradáveis. O processo de escalação do elenco, que tinha consumido tempo demais, atrasou a estréia da série. A atriz canadense Geneviève Bujold, que já havia iniciado as filmagens no papel da capitã Janeway, voltou atrás e largou o set em plena gravação. A correria para encontrar uma substituta foi tamanha, que Kate Mulgrew começou a filmar dois dias depois de ser contratada.
Além das complicações com a produção, Voyager se lançou de forma audaciosa no mercado. Ao contrário das séries anteriores, não seria transmitida em “syndication”, mas exclusivamente na nova rede de TV da Paramount, a UPN, um canal ainda sem público e que não cobria todo o país. Por conta desses e de outros fatores, o primeiro ano contou com apenas 16 episódios.
O episódio-piloto foi aceito e muito bem-sucedido em mostrar o potencial do novo spin-off. Apesar de alguns furos no roteiro, conseguiu prender a atenção. No entanto, parece que com tantos problemas por trás da tela, os produtores concentraram todas as suas forças apenas na história inicial. Os segmentos seguintes falharam em resgatar a premissa central, em nada diferenciando-se de roteiros medianos de A Nova Geração. E foi essa a tendência durante quase toda a temporada.
Os episódios da temporada
“Caretaker, Parts I & II” (Nota: 3,0)
À procura de uma nave maquis desaparecida, a recém-comissionada USS Voyager, comandada pela capitã Kathryn Janeway, acaba sendo deslocada 70.000 anos-luz por uma entidade misteriosa, indo parar no outro lado da galáxia. Frente à hostilidade de uma raça alienígena, as tripulações das duas naves decidem juntar forças para neutralizar a ameaça. Mas, no processo, acabam destruindo o único meio de voltar instantaneamente para casa: a tecnologia que os transportou para lá em primeiro lugar. Unido em uma só equipe depois da destruição da nave maquis, esse grupo de humanos traça um curso para Terra, em viagem que, mesmo em velocidade máxima, deve consumir cerca de 75 anos.
“Parallax” (Nota: 1,0)
Ainda se ajustando à nova realidade, a tripulação responde a um pedido de socorro e a Voyager acaba ficando aprisionada em uma singularidade quântica. Em meio aos efeitos que a anomalia causa na tripulação e nos sistemas da nave, a engenheira B’Elanna Torres consegue estabelecer um contato com a outra tripulação aprisionada, apenas para descobrir que eles são, de fato, a própria USS Voyager, ou um reflexo temporal da mesma. Demonstrando grande habilidade, a tenente descobre um meio de fugir da singularidade e salvar o dia. Por esse feito, ganha a chefia da Engenharia.
“Time and Again” (Nota: 3,0)
Enquanto investigam um planeta vítima de catástrofe em escala global, Janeway e Paris atravessam uma fissura subespacial e se vêem no mesmo lugar, um dia antes da tragédia. Enquanto a Voyager concentra esforços para encontrá-los, a capitã enfrenta o dilema de alertar ou não a população daquele mundo sobre o que está por vir. Fazendo-o, ela estaria violando o protocolo central da Federação, que proíbe a interferência dos oficiais da Frota Estelar no desenvolvimento de espécies menos avançadas.
“Phage” (Nota: 2,0)
A procura de novas fontes de energia para contornar a crise imposta pelas limitações da Voyager, um grupo avançado liderado por Chakotay se transporta para um planeta rico em dilítio bruto. Durante a missão, Neelix é atacado e tem alguns órgãos internos removidos. Quando a capitã segue a trilha para encontrar os alienígenas, faz uma descoberta aterradora; nessa região do espaço reside uma raça que sobrevive de roubar órgãos alheios, por sofrer de uma doença degenerativa incurável.
“The Cloud” (Nota: 1,5)
Explorando uma misteriosa nebulosa que parece ser uma fonte convidativa de energia, a USS Voyager acaba sofrendo avarias e perdendo ainda mais as suas reservas. Para sair do fenômeno espacial, precisa disparar torpedos e romper camadas de matéria. Só que durante os reparos, B’Elanna e o Doutor descobrem que aquela nebulosa não era, na verdade, uma nebulosa, mas uma forma de vida. Assim, a capitã leva a nave de volta para tentar reverter os danos causados.
“Eye of the Needle” (Nota: 3,5)
Sempre investigando possíveis meios de levar a nave para casa, o alferes Kim encontra nos sensores de longo alcance uma fenda espacial. Ao chegar às coordenadas, a tripulação descobre que a abertura do portal só tem 30cm de largura. Embora a Voyager não possa atravessá-la, essa abertura pode carregar uma mensagem até o outro lado. Quando fica determinado que o outro lado da fenda é o quadrante Alfa, todos se animam. O problema aparece quando a única nave que responde ao chamado é romulana.
“Ex Post Facto” (Nota: 2,0)
Em visita ao planeta Banea, Tom Paris é acusado de assassinar um renomado cientista. Quando a Voyager decide entrar no sistema para investigar o ocorrido, é atacada pelos Numiri, uma raça em guerra com os Baneans. Apesar de todas as evidências apontarem Paris como o culpado, vem à luz uma outra versão dos fatos, algo muito mais sério e de grande repercussão para a população local.
“Emanations” (Nota: 2,0)
Explorando os anéis de um planetóide de classificação inédita nos bancos de dados da Federação, a tripulação da Voyager descobre um misterioso sítio funerário. Harry Kim acaba sendo transportado para um mundo, cujos habitantes acham que ele retornou da terra dos mortos.
“Prime Factors” (Nota: 3,0)
Quando uma raça chamada Sikarian, conhecida no quadrante por sua incrível hospitalidade, convida a tripulação da Voyager para uma visita ao seu planeta, a capitã concede licença para seus oficiais. Na superfície, Harry Kim descobre que os Sikarians possuem uma avançada tecnologia de transporte que opera pelo princípio de espaço dobrado. Ao tomar ciência do alcance de tal tecnologia, cerca de 40.000 anos-luz, o alferes se anima e a notícia logo se espalha. O dilema surge quando os anfitriões se recusam a compartilhar seu aparato, com base no conjunto de leis que os regem.
“State of Flux” (Nota: 2,5)
Guiada por Neelix até um planeta rico em plantas adequadas para alimentação, a Voyager envia para a superfície vários grupos avançados de coleta. Na ponte de comando, Tom Paris detecta uma nave camuflada em órbita e, em seguida, descobre que se trata de um cruzador Kazon. Os tripulantes são trazidos de volta, após um pequeno conflito entre Chakotay e alguns Kazons. Mais tarde, em resposta a um pedido de socorro da mesma nave, Janeway descobre que a causa da explosão que os danificou foi uma tecnologia da Federação. As coisas se complicam quando B’Elanna confirma que o equipamento pertencia à Voyager e que provavelmente foi dado ao inimigo por um tripulante.
“Heroes and Demons” (Nota: 3,0)
Uma entidade desconhecida toma o controle do holodeck, aprisionando alguns membros da tripulação. Sem outra alternativa, a capitã pede que o médico holográfico tente resolver a situação. Agora ele precisa provar aos tripulantes que é mais do que um mero pedaço de tecnologia e superar as dúvidas sobre si mesmo.
“Cathexis” (Sem Nota)
Quando Chakotay e Tuvok retornam de uma missão em uma nave auxiliar feridos, a tripulação descobre que uma entidade alienígena pode ter retornado com eles, à medida que estranhos acontecimentos começam a ameaçar a segurança da Voyager. Saltando de tripulante em tripulante, as ações desse ser parecem ser confrontadas pelas de outro. Depois, revela-se que era Chakotay (ou sua mente, pelo menos) quem estava interferindo nos planos do alienígena hostil.
“Faces” (Nota: 3,0)
Enquando pesquisa um planeta com os tenentes Paris e Durst, B’Elanna é seqüestrada pelos Vidiians, que tentam extrair o seu DNA Klingon para usá-lo na busca por uma cura para a grave doença degenerativa que assola a espécie. Eles a separam em dois indivíduos independentes, um humano e o outro Klingon. Enquanto a metade Klingon é trancada em um laboratório para estudos, a outra é deixada com Paris e Durst num campo de trabalho forçado. Mas para escapar dos Vidiians, as duas B’Elannas precisam se encontrar, trabalhar juntas e superar as desavenças que têm entre si.
“Jetrel” (Nota: 3,0)
Neelix fica horrorizado quando um Haakoniano chamado Ma’Bor Jetrel contata a USS Voyager e pede para conhecê-lo. Os Haakonianos lutaram em uma longa e destrutiva guerra contra os Talaxianos. Mas Jetrel diz que veio para examinar Neelix, que segundo o cientista, possui uma doença sangüínea fatal, contraída durante o conflito. Mais tarde, Jetrel convence Janeway a visitar o sistema Talaxiano. Usando os sistemas de transporte da nave, Jetrel acha que pode desenvolver uma cura coletando amostras da nuvem de metreon que envolve uma lua local. A complicação surge quando os verdadeiros motivos de Jetrel são revelados.
“Learning Curve” (Sem Nota)
Quando pequenos incidentes envolvendo oficiais maquis começam a encher os relatórios que chegam à capitã, ela designa Tuvok para treinar os tripulantes mais indisciplinados. A tarefa se mostra dificílima, à medida que ambos os lados parecem inflexíveis. Quando a crise parece ter se instalado, o sistema bio-neural da nave começa a sofrer uma série de panes e esses tripulantes precisam deixar seus julgamentos de lado e trabalhar juntos para sobreviver a um acidente.
O que promete o DVD
Talvez a novidade que mais tenha chamado a atenção dos trekkers foi a inclusão das cenas gravadas com a atriz Geneviève Bujold. Há anos sua performance tem sido objeto de curiosidade e, surpreendentemente, as imagens nunca vazaram no mercado negro ou na internet. A foto no início do artigo é indicativo do que os fãs podem esperar…
Além de Bujold como Janeway, os extras do pacote incluem entrevistas com os criadores Rick Berman, Michael Piller e Jeri Taylor (no featurette “Braving The Unknown: Season One”), e com Kate Mulgrew (capitã Janeway), incluindo imagens de bastidores da série, no featurette “Voyager Time Capsule: Kathryn Janeway”.
Outros extras incluídos são “Cast Reflections: Season One” (o elenco fala sobre as cartas dos fãs, o impacto da franquia em suas vidas e as audições), “On Location with the Kazon” (o produtor David Livingston mostra a região desértica usada no episódio-piloto), “Red Alert: Visual Effects Season One” (os segredos por trás dos efeitos especiais), “Launching Voyager on the Web” (o webdesigner e produtor Marc Wade conta como lançou um site nos primórdios da internet para ajudar a divulgar a série), “Real Science with Andre Bormanis” (o consultor e roteirista fala da luta para manter a autenticidade, acrescentando fenômenos espaciais reais e teorias científicas), e “Lost Transmissions from the Delta Quadrant” (entrevistas adicionais com elenco fixo, produtores e atores convidados).
Artigo originalmente publicado no conteúdo clássico do Trek Brasilis.