A última edição da revista SciFi Magazine traz uma ampla reportagem sobre o filme de Jornada nas Estrelas, incluindo uma entrevista exclusiva com um dos roteiristas, Robert Orci e o co-produtor executivo Bryan Burk, que comentaram a respeito da produção, do elenco e sobre a participação ou não do ator William Shatner.
A equipe de Abrams normalmente está associada a projetos de criação do próprio produtor, mas Bryan explica que com relação à Jornada, eles concordaram que a franquia era um campo muito fértil, que os atraia criativamente, “Existem cinco de nós nesse trabalho”, disse Bryan, “Bob Orci, Alex Kurtzman, eu mesmo, Abrams e Lindelof e estamos todos no mesmo caminho dos fãs” comentou o executivo. No entanto, Bryan acredita que Jornada precisava de uma renovação. “Sentimos que era um incrível mundo que existiu há 40 anos. E igual a outras franquias, como Batman e James Bond, ela necessitava de um incentivo para encontrar uma nova abordagem para a história e para o mundo. Foi muito importante decidir se deveria deixá-la ir embora ou continuar em seu atual patamar. Mas no centro disso havia esses incríveis personagens e a crença num futuro cheio de esperança deste fabuloso universo que Gene criou. Assim ela era o perfeito lugar para pularmos para nosso próximo grande trabalho”, comentou.
Para Bryan, o fato de haver pessoas na equipe que gostam da franquia ajudou muito a fazer uma história que não viesse desencontrada com o que já foi estabelecido anteriormente, “Bob Orci é um trekker extremamente dedicado, que a conhece de trás para frente, Damon (Lindelof) conhece muito a franquia também. J. J. (Abrams) sempre foi fã, mas não tem tanto conhecimento dela quanto os outros dois. Alex sabe mais ou menos e eu sei o mínimo. Então, por esta razão, em todo simples passo que damos adiante, se houver dúvida de que esteja fora do cânon ou que seja uma heresia, o Orci já diz que isso não pode ser feito. Ele mantem tudo no caminho. Desse modo, creio que temos feito um bom trabalho mantendo as coisas mais ou menos dentro da fronteira de existência do cânon. Quem leu o script, não somente deu total apoio como também pulou para o círculo criativo e não existe nada que Abrams adora mais do que ver todos trabalhando no processo criativo”.
Com relação ao roteiro, o escritor Robert Orci disse que a criação da história não foi trabalhosa, uma vez que já haviam pensado nisso há um bom tempo. “Na verdade, ela veio muito facilmente”, disse Orci acrescentando que embora já tivessem uma idéia concretizada, tudo foi pensado superficialmente. “Sim. Havia muitos elementos da história que nós tínhamos conversado apenas teoricamente, na possibilidade de Jornada retornar. Havia muito material que queríamos trabalhar e foi uma benção termos isso”, observou o escritor.
Orci comentou que a intenção da equipe é tentar agradar aos fãs e ao público em geral e para isso fizeram dois filmes em um. O mesmo se deu com relação ao título. “Uma das coisas que pensamos é que o filme não deveria se chamar Jornada XI, mas apenas “Jornada nas Estrelas” porque mesmo que você fosse um fã e não tivesse visto os últimos filmes, com o título, seria como se tentasse assistir a série “Lost” agora, não tendo visto nada antes. Então é muito importante enviar a mensagem (ao público), de que o filme, de certa forma, é Jornada Zero. Isso é uma reintrodução. Nós planejamos isso de modo que se você conhece tudo de Jornada, você terá um tipo de experiência, porque você encontrará todo o tipo de referência. Mas se você não é fã, tudo isso será uma introdução e não irá requerer conhecimento de qualquer coisa”.
O roteirista confirma que o enredo do filme refere-se a uma viagem no tempo, explicando que com isso eles têm finalmente a oportunidade de contar a história que levou as aventuras da Série Clássica. “Como trekker você sabe que existe muita história inexplorada. Com a série original havia muito do que poderia ser contado antes. Mas na televisão a franquia teve a inclinação para uma geração futura e veio a série A Nova Geração. Então pareceu uma coisa nova ir de volta a fonte, ao que aconteceu antes”, disse o roteirista.
Com relação ao elenco, Orci disse que a produção deixou claro aos novos atores e atrizes que eles precisavam criar uma ponte para suas performaces e não procurarem apenas imitar. “Não é um novo filme de fantasia”, argumentou, “Um dos modos que temos eternamente nos referido a esses personagens é que eles são personagens Shakesperianos. Eles já são tão parte de nossa cultura que é menos importante que escolhamos alguém que se pareça exatamente como eles eram ou que deveria imitar suas performaces. É mais importante entender que os personagens são arquétipos (os primeiros). Eles estão tão impregnados e elementais nesse drama, que nós queremos que os atores entendam desse modo. Queremos que eles compreendam a reverência disso”, comentou.
Ainda sobre o elenco, Bryan Burk falou um pouco mais. “Eles estão muito animados, mas sabem do terreno em que estão pisando. Ninguém pode começar a entender de Jornada até que esteja dentro dela. Você tem de ter respeito por ela”, disse o produtor acrescentando. “Nós estivemos com os atores originais quando da escolha do elenco para as suas jovens versões. Nimoy estava totalmente inserido com Zachary Quinto, assim como Shatner com Chris Pine. Nichelle Nichols e George Takei adoraram Zoe Saldana e John Cho. Creio que o bastão foi passado com muito respeito deles para nós”.
Já a respeito dos rumores sobre o ator William Shatner fazer ou não parte do filme, Orci disse que embora a produção queira sua presença, existem vários obstáculos. “Existem duas coisas. Primeiro, do nosso ponto de vista, é que ainda existe a esperança de encontrarmos um caminho. Em segundo lugar, é que uma das dificuldades que foi trazida e discutida com o Shatner, quando encontramos com ele e trocamos idéias, refere-se à insistência dos fãs com a manutenção do cânon. Infelizmente, o capitão Kirk morreu no sétimo filme (“Jornada Nas Estrelas: Generations”). Então a dificuldade é não ignorar isso ou explicar de um modo insatifatório apenas como forma de trazê-lo de volta. Essa é a briga, obedecer o rigor do cânon e não chamá-lo apenas para fazer um pequena participação”, comentou Orci acrescentando, “Do meu ponto de vista, essa é uma longa filmagem e as coisas podem mudar até lá. O problema é apenas se podemos conseguir isso”.
Embora Shatner ainda esteja fora do filme, o ator Chris Pine, que interpreta a versão mais jovem de Kirk, tem impressionado a todos em suas primeiras filmagens. “Chris Pine possui duas coisas que são difíceis de encontrar ao mesmo tempo num ator: ele tem uma natureza rebelde de alguém extremamente motivado e é um rapaz abusado que não interpreta apenas pelas regras. Ele também é muito inteligente e possui domínio de si o bastante para ser um astronauta. Lembrem-se que esses personagens são todos astronautas”, definiu Orci explicando. “É difícil encontrar um belo rapaz que acredita que possa se encaixar no velho Kirk, isto é, ser bom de briga e ao mesmo tempo ter PHD em astrofísica”, brincou o roteirista, dizendo ainda. “Uma coisa difícil, porque ele terá de enfrentar a inteligência do Sr. Spock. Mas Chris tem um grande senso de humor, sendo capaz de ficar sério e ainda se manter engraçado”.
Por fim Orci e Burk reafirmam o desejo de fazerem um filme que agrade aos fãs e ao público em geral. “Nosso objetivo é duplo. Ter certeza de que os fãs se sintam satisfeitos com algo que tem o nome de Jornada e o mais importante é introduzir a fãs casuais e pessoas que não conhecem Jornada e todo o seu universo a se conectarem com ela nos dias de hoje”, disse Orci e acrecentando Burk. “Nosso propósito é manter a grandeza do que veio antes. E com o estúdio apoiando, talvez as pessoas irão ver mais do que já tenham visto desta franquia”.
Fonte: TrekWeb e SciFi Magazine.