A última edição da revista Star Trek Magazine traz uma entrevista com o ex-produtor de Star Trek Rick Berman, e lá o antigo chefão faz uma retrospectiva das produções da franquia no cinema em que esteve envolvido como produtor executivo.
Berman disse que durante a produção de Generations (1994) o ator Leonard Nimoy (Spock) foi o primeiro a ser escolhido para dirigir o filme, mas por não ter gostado do script e por diferenças de opiniões, recusou-se a fazer parte do projeto. “Quando veio a hora de escolhermos o diretor, após estarmos satisfeitos com o script, a primeira pessoa com quem concordamos em conversar foi Leonard Nimoy. Mas Nimoy não ficou contente com o roteiro. Ele queria fazer algo muito dramático, reescrevendo a história. Houve muitas diferentes opiniões sobre o desenrolar dessa discussão, mas, verdade seja dita, é que ocorreram discordâncias e o resultado foi que delas houve uma pequena desavença (no grupo) e o envolvimento de Leonard com o projeto não aconteceu”, lembrou o produtor.
Rebatendo as críticas de que não pretendeu fazer qualquer referência a série original nas suas produções, o ex-produtor de Jornada disse que sua idéia sempre foi inserir o antigo elenco da Série Clássica no primeiro filme de A Nova Geração.
“Meu pensamento originalmente era que eu sentia ser importante trazer os membros da série original para dentro da história, como uma forma de passarem o comando para o novo elenco. Agora, obviamente, havia um século de diferença entre eles e nós tivemos que produzir uma história que permitisse isso acontecer. Nós a fizemos. Criamos uma idéia que pudéssemos tirar proveito da presença de alguns ou de todo o elenco original, dependendo de como as coisas funcionariam”, disse o produtor.
Sobre Insurreição (1998), Berman credita a Michael Piller (roteirista do filme, já falecido) o mérito de tentar aproximar a premissa do filme à visão de Gene Roddenberry.
“Eu concordo que esse filme foi a clássica Jornada e uma das razões para isso foi Michael Piller”, afirma Berman. “Nós acabamos fazendo um filme que conduziu com intensidade a história principal, com conflito dentro da Frota Estelar. Teve também temas românticos. De um certo modo Michael sentiu que era essencial para sua história seguir o verdadeiro caminho de Jornada. Nós tivemos alguns maravilhosos atores no filme. F. Murray Abraham (Ru’afo) foi muito bem”, comentou.
Já com relação a Nêmesis (2002), o produtor disse que naquele período a franquia estava passando por mudanças, que influenciaram na sua decisão de dar nova chance a Picard e cia.
“Star Trek estava sofrendo mudanças. Deep Space Nine, assim como Voyager, tinha terminado. Os índices de audiência de Voyager não foram muito bons. Enterprise já estava no ar, esforçando-se para ganhar audiência. Eu creio que o estúdio não estava em grande atividade. Patrick Stewart (Picard) sim, estava muito ocupado. Havia um sentimento de que eu estava induzindo o estúdio a pensar que talvez o próximo filme (o décimo) que nós produzíssemos poderia ser melhor se fizéssemos com o novo elenco. Eu senti, certo ou errado, que introduzindo o novo elenco da série Enterprise no cinema quase que simultaneamente com a TV não seria uma boa idéia. Eu senti que posteriormente isso poderia ter acontecido. Por quatro anos eu acreditei. Mas já que a audiência tinha visto Picard e cia, nós demos ao elenco de A Nova Geração um outro filme.”
Ainda sobre Nêmesis, Berman comentou também que o estúdio o convenceu de que as credenciais do diretor Stuart Baird davam a ele crédito suficiente para fazer um bom trabalho no filme da franquia. “Eu fui encorajado a considerar o trabalho de Stuart Baird. Ele era um editor de filmes renomado. Eu me encontrei com ele e Stuart foi modesto e absolutamente encantador, além disso, eu já conhecia o seu material. Sempre achei, pelo menos na televisão, que os editores dão muito bons diretores. Eles sabem exatamente do que necessitam e ele parecia ter um entendimento do que queria de tudo isso”, explicou o produtor.
Para Berman, a competição com blockbusters (filmes de grande orçamento) no mês em que foi lançado não pode ser considerada como desculpa pela fraca bilheteria. “Não acho que a competição com ‘O Senhor dos Anéis – As Duas Torres’ e ‘007 – Um Novo Dia Para Morrer’ fosse uma queixa válida para o fracasso do filme, porque se isso fosse verdade, nós teríamos feito melhor em outros países onde Nêmesis não passou no mesmo período que esses filmes. E não foi melhor. Não sei o qual foi o erro dele. As análises críticas sobre o filme, eu diria, que foram oitenta por cento deprimentes”, reconheceu Berman acrescentando que “isso se colocou contra o tracking (rastreio), toda uma abordagem científica que o estúdio usa para determinar como o filme está indo. O filme não foi a lugar nenhum, assim como os resultados que o tracking havia prognosticado”.
Por fim ainda acredita o produtor que Nêmesis foi um bom filme, embora não saiba o que deu de errado. “Eu ainda acredito que Nêmesis foi um bom filme e, mesmo hoje, não consigo entender bem o que deu de errado”, finalizou o ex-produtor.
O Trek Brasilis produziu um extenso material quando do lançamento de Nêmesis no Brasil. Você pode conferir as críticas dos membros do site e de jornais e revistas aqui.
Fonte: TrekToday