Bilingsley queria mais realismo e ousadia

O ator John Bilingsley (Dr. Phlox), em entrevista ao site Moviehole, falou sobre a franquia, fazendo um balanço da série Enterprise. Aqui, alguns pontos mais importantes dessa entrevista.

Bilingsley confessa não ser muito fã de histórias de ficção científica. “Eu assisti a alguns episódios da Série Clássica, e alguns de A Nova Geração, e assisti também a alguns filmes, não todos. Mas não sou grande aficcionado do gênero.

Sobre o cancelamento de Enterprise, Bilingsley lamenta ter deixado a série, mas acha que, como ator, deve procurar novos desafios. “Foi duro dizer adeus para um trabalho fixo. Por outro lado, é também incontestável que, se você é um ator, deve estar sempre interessado em novos desafios e não querer interpretar o mesmo papel de novo e de novo”.

O ator de Dr. Phlox disse que não ficou desapontado com o cancelamento de Enterprise e que o elenco já temia pelo fim da série um ano antes (na terceira temporada), embora a quarta temporada, para ele, tenha sido a melhor. “Em minha opinião, a temporada final foi a melhor delas. Infelizmente, foi cancelada quando eu pensava que estava realmente começando a trilhar seu caminho, mas esses são os caprichos da televisão”.

Para Bilingsley, a retirada e posterior reintrodução do nome “Jornada nas Estrelas” à série Enterprise teve reação negativa da crítica. “A crítica reagiu muito negativamente. Também entre os fãs, mas estes que carregaram a série, pensavam que ela melhoraria ao longo do tempo. Você não tem uma segunda chance para dar uma boa impressão”.

Bilingsley diz que a emissora pressionou a produção para que, na terceira temporada, houvesse uma grande mudança no rumo da série, na qual histórias sobre exploração deveriam ser abandonadas em favor de outras mais de ação. “A rede (UPN) foi muito fortemente a favor de se encontrar uma história orientada para a linha de ação-aventura. Eles achavam que a segunda temporada ficou muito lenta e estática, e que não havia história suficiente para manter os telespectadores a cada semana – e eu concordo com isso. Acho que a história inicial, a Guerra Fria Temporal, nunca foi desenvolvida muito bem e não creio que houvesse uma compreensão forte para onde eles (Berman e Braga) quisessem seguir, e o tema ficou atenuado com o tempo. Então, a idéia de contar uma história, que teria começo, meio e fim, que faria com que as pessoas retornassem na próxima semana, seria uma boa idéia. A popularidade de séries como 24 Horas ou Lost sugerem que as pessoas estão mais interessadas em assistir uma história seqüenciada, e acho que isto permite uma história mais interessante e complexa do que foram as dos últimos dois anos”.

Embora a resposta da crítica fosse favorável, a série, na terceira temporada, atraiu pouca audiência. Bilingsley acha que demoraram muito para mudar. “Foi um pouco tarde para a série. Você não pode reinventar algo depois de dois anos (no ar). A audiência já havia provado a série e tomado sua decisão. As pessoas que ainda estavam assistindo provavelmente foram ficando desanimadas. Sim, essa mudança nos ajudou criativamente, mas não fez diferença para os índices de audiência”.

Sobre os rumores da presença do ator Willian Shatner para a quarta temporada, Bilingsley acha que poderia ter ajudado a série a elevar a audiência. “Nós fizemos um episódio na quarta temporada no universo paralelo, isso refletiu em uma série de episódios feitos nas séries anteriores. Uma das idéias era trazer o capitão Kirk em um particular episódio. Mas Willian Shatner tinha a sua própria série (Boston Legal), e não estava disponível. Eu imagino que ele tenha pedido um montão de dinheiro para aparecer na série, já que sabia que a série estava para sair do ar. Então, eles trouxeram Brent Spiner (Data) que foi um dos astros convidados mais interessantes”.

Para Bilingsley, a série poderia ter sido mais realista. “Eu gostaria que ela tivesse ido um pouco mais longe, tivesse sido um pouco mais ousada, um pouco menos refinada, um pouco mais suja, com armas explodindo na nossa cara, o teletransporte realmente não funcionando, ter nossos traseiros chutados pelos alienígenas. Uma exploração espacial mesmo”, disse sorrindo.

No entender de Bilingsley, a quarta temporada só existiu para que pudessem vendê-la mais facilmente para o syndication. “Eu não tive nenhuma grande surpresa. Eu não posso dizer que não houve nenhuma resposta emocional, porque muitos de nós víamos a série sendo cancelada após a terceira temporada. Nós fomos afortunados por termos uma quarta temporada, mas, francamente, a única razão foi porque no ponto de vista da Paramount, eles ganhariam mais dinheiro se pudessem ter um certo número de episódios, aproximadamente 100, porque este é o número no qual é possível vender para o syndication. A Paramount essencialmente fez um trato com a UPN, a emissora que apresentou Enterprise. Eles (Paramount) venderiam a série para a UPN pela metade do preço do que estavam vendendo antes (1ª a 3ª temporadas), apenas para nos manter mais um ano no ar. Creio que todos nós compreendemos o quanto econômico foi e que isto foi uma decisão essencialmente econômica, embora a quarta temporada tenha sido a melhor temporada da série, criativamente. Mas já estava definido”.

Sobre o episódio final, “These are the Voyages…” e a presença de Jonathan Frakes e Marina Sirits, Bilingsley expressou seu descontentamento. “Eu não me inquietei muito com o último episódio, embora não respondesse com tanta emoção ou veemência como fizeram alguns fãs, ou brandamente, mas com muita negatividade como de outros atores. Porque não é meu trabalho revisar ou criticar episódios individuais. Eu pessoalmente não achei que fosse um episódio forte e pensei que nós poderíamos ter terminado a série em uma cena mais interessante”.

Bilingsley disse que nunca ouviu qualquer comentário sobre a participação do elenco de Enterprise num próximo filme de Jornada no cinema. “Eu não acho que ninguém pudesse ter projetado a série para frente. Certamente a idéia de produzir um filme da franquia existiu e ainda vive, mas não sei, sobre a nossa série, que houvesse qualquer particular especulação sobre nós estarmos num próximo filme da franquia. Obviamente, o primeiro passo era saber se a nossa série se tornaria popular, popular o bastante para a produção de filmes. Realisticamente, séries como Deep Space Nine e Voyager não agradaram neste tipo de sucesso também. A Nova Geração sim, mas acho que foi somente porque foi a primeira série de Jornada após um longo intervalo. E você não pode replicar estas condições. Eu suspeito que a produção de filme para a franquia continuará. Se eu fosse um homem de apostas, eu diria que em dois ou três anos haveria um novo filme. Haverá um novo elenco, um novo capítulo de Jornada e se for bem sucedido, então o elenco produzirá uma série para TV”.

Fonte: SciFi Pulse