Quatro anos de Trek Brasilis

Quatro anos é um bocado de tempo. A cada quatro anos, surge um novo campeão mundial de futebol. No mesmo período, são eleitos novos presidentes, governadores e prefeitos no Brasil e em diversos outros países. A cada quadriênio, temos uma olímpiada. E hoje, sem muito alarde, o Trek Brasilis completa quatro anos.

Estaria mentindo se dissesse que parece que foi ontem que o TB teve sua primeira página publicada. Na verdade, a sensação é a de que este site já está aqui por um longo, longo tempo. É muito fácil identificar sua imagem com a de um velho amigo, que de quando em quando encontramos e de pronto perguntamos: “E aí, quais são as novidades?”

E muitas novidades já passaram pelas páginas do site. Muitas coisas boas, coisas ruins, momentos difíceis, alegrias, tristezas. Cada um dos editores e, por que não dizer, cada um dos leitores que tem estado com o TB ao longo desses quatro anos já não é mais a mesma pessoa que era quando começamos essa jornada.

A vida parece dinâmica demais para que possamos estacionar no tempo e dizer: esse é quem nós somos. Daí a importância dos períodos determinados, medidos em anos, capazes de apontar marcos e transições com mais clareza.

É uma pena que a história do TB, senão por uma singela sinopse, não esteja completamente preservada na internet. Senão o leitor poderia reviver, como eu revivi, ao revirar os cantos mais escondidos do meu hard-disk, os momentos iniciais deste site e constatar o quanto mudamos, o quanto crescemos no tempo que passou.

Alguns por aí ainda se lembram de como as coisas costumavam ser, e até comentam comigo sobre os erros e acertos do passado. Mas a maioria ainda vive, distante, a sensação de que o site é uma entidade desprendida do espaço e do tempo.

Talvez a sensação seja fruto da consistência sobre a qual o site foi erigido, com basicamente as mesmas pessoas exercendo as mesmas funções ao longo do tempo. Porque, realmente, é impressionante a estabilidade existente na equipe do TB.

Na minha carreira profissional como jornalista, posso elencar duas ou três formações completamente diferentes das equipes com que trabalhei nos últimos quatro anos. Aqui no TB, são as mesmas pessoas, diariamente, por todo esse tempo.

Como se pode imaginar, com um time unido como esse, o resultado final é sempre maior que a soma das partes. Não só conseguimos manter a coerência de postura durante todo esse tempo, como conseguimos incorporar as lições aprendidas em eventos passados na formulação de nossa atual política editorial, mais sólida e madura do que nunca.

E, o mais importante, sempre tivemos alguém carregando o fardo quando estava pesado demais para os outros. O desânimo de um logo se convertia na euforia do outro, e o todo continuava caminhando, firme e forte.

Os quatro anos do TB foram definitivos e definidores da franquia de Jornada nas Estrelas. Quando começamos, em 24 de setembro de 1999, DeForrest Kelley ainda estava vivo, Deep Space Nine tinha acabado de terminar e Voyager estava a todo vapor.

Hoje, nenhuma dessas séries está em produção, e uma nova, que até ontem nem carregava o nome “Star Trek”, está em exibição, com índices de audiência trepidantes e com uma sensação inédita nas últimas décadas: o risco de cancelamento.

Um dos nossos editores, Luiz Castanheira, usa no pé de suas mensagens no Fórum os dizeres “Star Trek 1966-1999 – RIP”, uma alusão ao virtual epitáfio da franquia, com o descarrilhamento da série de filmes e as dificuldades pelas quais passa Enterprise. Curiosamente, o TB nasceu justamente no fim desse período de “auge”, como que num lance de conservação de energia e matéria — princípio irrevogável das leis da física.

Nos momentos difíceis a existência dos fãs é mais importante do que nos dias de glória. Foi isso que trouxe Jornada nas Estrelas de volta após o cancelamento, em 1969. É o mesmo espírito que deve fazer a franquia ressurgir com força total num ponto futuro.

Essas conversões entre dedicação e sucesso talvez sejam a chave para o surgimento do TB. E não gosto do som prepotente da afirmação, mas o fato é que estamos conduzindo nossa missão com muita competência. Qual seja, preservar o LEGADO de Jornada nas Estrelas.

O presente é o tempo em que vivemos e sempre será o mais intenso dos momentos — por isso nossa atenção primordial com as notícias, mesmo no tempo das vacas magras. Mas a grande força do TB de fato reside na capacidade de reviver intensamente o passado.

Nossos artigos e reportagens especiais varrem todos os 37 anos de Jornada nas Estrelas e são o grande diferencial do site. São aquilo que nos faz diferentes de outros e o que nos torna realmente importantes. O resto é conversa.

Os últimos quatro anos foram a gestação desse sonho. Hoje, com os meios cristalizados para tornar os objetivos realidade, o TB vive uma nova fase — a que marca a manutenção do sucesso alcançado e da força que nos levará a prosseguir nos tempos mais difíceis da franquia. “Haverá dias que valerão a pena ser vividos”, já disse Edith Keeler. E viveremos por esse lema.

O que serão os próximos quatro anos? Ninguém sabe dizer. Mas convido-o a nos acompanhar nessa jornada. Prometo que será interessante.

Feliz aniversário, Trek Brasilis.

Salvador Nogueira
Editor