REVIEW: “Jornada nas Estrelas: Dívida de Honra”

Depois de dez anos sem publicações em quadrinhos de Jornada nas Estrelas em nosso país, no final do mês passado a editora Brainstore lançou a Graphic Novel Jornada nas Estrelas: Dívida de Honra por aqui.

O Trek Brasilis, mantendo seu costume de dar espaço ao leitor, publica a seguir um completo review da história escrito por Eduardo Nascimento, visitante do TB e membro do fórum do site. Confira se vale a pena desembolsar mais de R$ 20,00 pela revista. Nosso revisor acha que sim!

REVIEW
“Jornada nas Estrelas – Dívida de Honra”

Por: Eduardo Martim do Nascimento

Sinopse

A história se passa logo após os eventos mostrados em Jornada nas Estrelas IV – A Volta para Casa, e inicia-se com o capitão Kirk tendo um assustador pesadelo, no qual relembra as mortes de Kruge, o capitão Klingon de Jornada nas Estrelas III – À Procura de Spock, de seu filho David Marcus, de Khan, e (sem dúvida a lembrança mais dolorosa) da destruição de sua adorada USS Enterprise, quando é “acordado” com um belo banho pela baleia Gracie, a baleia jubarte trazida por Kirk e companhia direto de 1986 em Jornada IV.

O capitão encontra-se em um iate, na companhia da Dra. Gillian Taylor, a bióloga de cetáceos que também veio do passado, e que encontrava-se acompanhando os últimos dias de gestação da baleia.

Kirk sente dificuldade em superar seus traumas, e a Dra. Taylor sofre na tentativa de adaptar-se à nova realidade que a cerca.

Em um flashback, vemos o jovem Tenente Kirk a bordo da USS Farragut, a qual encontra-se seriamente avariada e perigosamente próxima à borda da Zona Neutra Romulana.

Kirk havia sido designado para reparar os sensores primários da nave, e em virtude do enorme volume de trabalho recebe um tanto a contragosto a ajuda de T´Cel, uma jovem engenheira vulcana que encontrava-se a bordo da Farragut a caminho das Estações Watchtower, instaladas em asteróides próximos à Zona Neutra e destinadas à sua observação.

Durante os reparos, a Farragut sofre o impacto de um projétil, do qual emergem estranhas criaturas de aparência insetóide, garras e dentes afiados e capazes de expelir uma estranha gosma. Kirk e T´Cel tentam defender-se e à nave, mas os bichões são em maior número, e logo começam a tomar a seção de Engenharia, causando muitas baixas. Em pouco tempo, não resta alternativa aos sobreviventes a não ser refugiar-se na seção Disco e separá-la da Engenharia.

Quanto já encontravam-se no Disco, Kirk e T´Cel constatam que sua separação poderia ser feita apenas manualmente, o que os leva de volta à seção de Engenharia e para o meio do enxame gosmento. Kirk consegue separar o Disco, mas é ferido ao tentar salvar T´Cel. Porém, ambos conseguem fugir em um casulo de emergência e destruir o casco principal da Farragut.

T´Cel pilota o casulo até uma das estações Watchtower, onde diz a Kirk que vai colocá-lo em êxtase, tornando-o “invisível” a sensores romulanos até que possa ser resgatado, e vai pilotar o mesmo casulo para fora do complexo, atraindo a atenção dos orelhudos para si. Tempos depois, já na sede da Frota Estelar, o futuro capitão da Enterprise é informado que todas as evidências sobre os insetos melecosos haviam sido destruídas, restando somente o depoimento um tanto desacreditado de Kirk. Também descobre que foram encontrados destroços do casulo de emergência, sem qualquer vestígio de T´Cel. O governo vulcano, por sua vez, não se interessa muito pelo caso, alegando “problemas com a família” da engenheira.

De volta ao presente, Kirk tem o iate abordado por um rover, do qual desembarcam a Ten. Saavik e o Professor Lars Höel, antropólogo especializado no Século XX. Kirk parte com Saavik, deixando a Dra. Taylor na companhia do Prof. Höel.

O capitão então parte para um encontro, na região próxima à Zona Neutra Romulana e às agora abandonadas estações Watchtower, de antigos “amigos”: Kor, o primeiro Klingon de Jornada e T´Cel, agora comandante de uma Ave-de-Guerra Romulana. Ambos testemunharam, tal como Kirk, os ataques das criaturas gosmentas insetóides ao longo dos anos, conforme podemos ver ao longo de diversos flashbacks que encampam toda a história de Jornada, o que os levou a deduzir que os bichões atacam sempre naquela região do espaço logo após eventos de grande magnitude cósmica, como os ataques da criatura gasosa do episódio Obsession, da “Máquina do Juízo Final”, no episódio The Doomsday Machine, da aproximação de V´Ger da Terra, e mais recentemente, da sonda alienígena que buscava contato com as então extintas baleias jubartes terrestres.

Ao chegar ao ponto de encontro, Kirk surpreende-se com a chegada da Enterprise-A, cuja tripulação partiu em missão não-autorizada a fim de ajudar o nobre capitão. Após um breve reencontro entre os comandantes das três raças, iniciam-se os procedimentos de trabalho conjunto: a “união” entre a Enterprise e a nave romulana, o que as deixa invisíveis, e o posicionamento da nave klingon como isca para um eventual ataque das criaturas.

Confirmando as suspeitas dos três comandantes, logo emerge de dobra uma gigantesca nave de aparência orgânica, transportando as nojentíssimas criaturas, iniciando um ataque à nave dos Klingons. Segue-se intenso combate entre as criaturas e as três tripulações, enquanto um grupo avançado transporta-se ao interior da estranha nave alienígena. Lá, descobre-se que a nave das criaturas, que mais parece um organismo vivo, desloca-se através de fendas no continuum-espaço tempo, o que comprova a origem das criaturas em um ponto imensamente distante do Universo, bem como que a fenda que a trouxe até aquele setor está prestes a abrir-se novamente. Kirk decide então utilizar-se de uma poderosa arma, a fim de “implodir” a fenda espacial quando a nave-orgânica-melecosa estivesse atravessando-a, o que a prenderia do outro lado por muito tempo. A fenda abre-se novamente, e a nave alienígena é impedida de atacar a Enterprise pela nave de T´Cel, que segue em direção à fenda espacial. Aproveitando a oportunidade, Kirk dispara a arma, selando definitivamente a fenda e impedindo por muitos anos novas ameaças das tais criaturas.

Finalmente, Kirk retorna à Terra e ao iate da Dra. Taylor, chegando a tempo de testemunhar o nascimento do filhote de Gracie, o que é comemorado com um brinde entre o capitão e a bióloga. Um brinde com vinho do Chateau Picard.

Comentário

Este é sem dúvida, um item obrigatório na coleção de qualquer trekker que se preze, tão carente que é de novidades em português em Jornada nas Estrelas, ainda mais com a qualidade apresentada neste belo álbum em preto-e-branco lançado pela editora Brainstore.

Dívida de Honra foi publicada nos Estados Unidos em 1992 pela DC Comics, em cores, com o título Debt of Honor. Escrita por de Chris Claremont, famosíssimo no mundo dos quadrinhos de super-heróis pelo seu extenso trabalho no título “Uncanny X-Men”, com arte de Adam Hughes (que assina simplesmente “AH!”) famoso por desenhar “mulherões” e que recentemente foi responsável pela arte de capa da revista “Wonder Woman”, também da DC Comics, e arte-finalizada por Karl Story, traz uma história envolvente e repleta de referências e subplots, bem à moda de Claremont.

É notável o extenso trabalho de pesquisa realizado pela equipe de criação, revelado tanto no texto, dado o sem-número de referências à série original e aos filmes produzidos para o cinema, as quais ensejaram até um apêndice com notas explicativas ao final do álbum, quanto na arte de Hughes e Story, que também valeram-se das mesmas fontes para o design dos personagens, roupas, naves e acessórios diversos, tornando a “caça” a estas referências um passatempo divertido para aqueles com olho “clínico”.

A trama é bastante interessante, pois alinhava os “bastidores” de diversos eventos que fazem parte da extensa cronologia oficial de Jornada nas Estrelas, fala sobre um tema atraente a muita gente (a superação de “erros” do passado), um vilão (ou vilões) misterioso e, para aqueles que tem Jornada nas Estrelas IV – A Volta para Casa(que aliás, foi lançado recentemente em DVD por aqui) como o melhor dos longa-metragens do franchise, há um sabor especial, pois dá boas dicas do destino da Dra. Gillian Taylor no Século XXIII.

Enfim, a despeito da velha polêmica acerca da “canonicidade” ou não de eventos apresentados em quadrinhos, livros e outras mídias nas quais Jornada nas Estrelas apresenta-se, Dívida de Honra é entretenimento de primeira, feito por quem entende do assunto, seja quadrinhos ou Jornada, mas que tem tudo para agradar àqueles não familiarizados com o franchise.

Ficha técnica

“Jornada nas Estrelas: Dívida de Honra”
Por Chris Claremont, Adam Hughes e Karl Story
Número de Páginas: 96 páginas + 4 capas (100 páginas)
Formato: 16 cm x 23 cm
Preço: R$ 21,90

Na internet: Brainstore

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