PILOTO:
O roteiro de “Broken Bow” é exatamente o que se esperava: possui toneladas de ação (muito dinheiro foi gasto para filmar este piloto, com certeza) ; carrega muita nostalgia da série original ; tenta “vender”, de todas as maneiras imaginaveis, um convite de exploração da famosa “fronteira final” para a audiência ; contém diálogos que funcionam como entretenimento e como eficiente “propulsão” para a trama (ainda que as caracterizações, de uma maneira geral, não digam muito) etc.
Os dois pontos mais importantes da série, como sugeridos pelo piloto, são a tal “guerra fria temporal” (que funciona, ao menos no piloto, de forma muito melhor do que imaginado pelos mais pessimistas) e a dinâmica entre Humanos e Vulcanos (tema que parece tender a ficar repetitivo e limitado quando restrito ao micro-cosmo do conflito entre Archer e T’Pol). Falarei da “guerra fria temporal” na última parte desta série especial “Esperando Enterprise”.
PRIMEIROS EPISÓDIOS REGULARES:
Com o vazamento das tramas dos 3 primeiros episódios regulares de Enterprise, já temos alguns problemas a vista. Aqui temos 3 “high-concepts”, nada originais (dentro e fora do Franchise), que deixam, o sucesso ou falha do episódio, na dependência da execução de suas respectivas histórias.
“Fight or Flight” parece ser o melhor dos 3, apesar de que a trama da “nave abandonada, sem sobreviventes, atacada por um inimigo misterioso, que pode retornar” já ter sido usada até a morte no gênero SCIFI. Espero que as motivações dos “atacantes” sejam interessantes com algumas REAIS surpresas. Se eles se apresentarem como os típicos “vilões da semana” simplesmente, o episódio pode não funcionar. Será CRUCIAL a parte em que Sato terá que se comunicar com os alienígenas, pode ser um desenvolvimento interessante para ela.
(É fundamental que Sato não se torne um “personagem ferramenta”, com o grosso de suas falas se resumindo a traduzir línguas alienígenas. Vejo problemas a frente, especialmente no primeiro episódio que alguma habilidade telepática for necessária para se comunicar com um alienígena e T’Pol tomar a frente. O pior será se T’Pol fizer um elo mental com Sato E o alienígena para efetuar a comunicação, barateando todos os elos mentais, feitos por Spock.)
“Strange New World” parece um “cruzamento entre ‘The Naked Time’ e ‘This Side Of Paradise’ com um toque macabro”, “Jornada Padrão” ao extremo. O acidente do transporte não é nada original, além de eu preferir NENHUM TRANSPORTE NESTA SÉRIE, quanto mais um operacional com bio-matéria (ainda mais um que já funciona no piloto).
“Unexpected” tem um daqueles títulos irônicos, ele é TUDO menos “inesperado”. Este é um “episódio padrão de Voyager”: alienígenas da semana, aparentemente associados (via algum tipo de alegoria no contexto do episódio) a seres que vivem dos restos de outros em nosso ecossistema (a alegoria pode até não ser exatamente esta, mas eu acho que a idéia é por ai, sim – além do que eu estou com um certo “pressentimento” que estes alienígenas vao ser uma mistura de Pakleds com aqueles “seres batatinha” de “Tinker, Tenor, Doctor, Spy”) ; a INFINITAMENTE ESTÚPIDA idéia da “gravidez de ‘Trip’ ” (com um embrião (?) que provavelmente vai se revelar simplesmente como um parasita e fatalmente vai terminar em um “reset-button” – espero que não façam de Trip o “Kim de Enterprise”) ; uma troca envolvendo tecnologia holográfica para selar um acordo ; T’Pol ocupando o papel de Seven etc.
(CURIOSIDADE: Em DS9 tivemos algumas infames piadas recorrentes, que descreviam situações e criaturas que nunca foram mostradas em tela. Os principais exemplos são o do capitão Boday, um Galamite metido a Don Juan, com crânio transparente e cérebro gigantesco ; o da tagalerice de Morn que sempre aparecia mudo em cena e o do alferes Vilix’Pran. O alferes Pran não tinha sexo, se reproduzia literalmente se desabrochando (indicando uma forma de vida vegetal), seus rebentos tinham asinhas quando nasciam ; entre outras coisa absurdas. UMA CLARA PIADA!)
(Espero que a predominância de T’Pol nestes 3 episódios seja apenas uma coincidência. PELO AMOR DE DEUS.)
(Eu particularmente não gostei de ouvir nem “teconologia holográfica” e nem “Slipstream”. Quanto tempo até a primeira “anomalia-espaço-temporal-da-semana” ? )
(Os produtores, aparentemente, vão ter que usar bastante os Klingons para amortizar os custos com o piloto. A não ser que o orçamento médio por episódio tenha aumentado, eles vão ter que começar a poupar para o “ponto de checagem de audiência” de novembro, antes de começar as reprises.)
CONCLUSÃO: Beman não esta cumprindo o que prometeu, ele prometeu “Fresh Trek” e está nos dando “mais do mesmo” e, o pior de tudo, “mais do mesmo” com “carinha de Voyager”. Espero que, ao contrário de Voyager, que era uma nave perdida no Quadrante Delta, vivendo aventuras de uma nave em missão no Qadrante Alfa, Enterprise não se torne uma nave do século 22 vivendo as aventuras de uma nave do século 24.
(NOTA SOBRE NEMESIS #1: A escolha da Digital Domain para os efeitos visuais foi muito boa, mesmo sem Robert Legato. As possíveis paticipações de Jude Law e Graig T. Nelson parecem um pouco fora da realidade financeira de um filme de Jornada, ainda mais levando em consideração o quanto (já estão ganhando) Berman, Stewart, Spiner, Logan, Baird etc. Não é que falte “lastro” a Viacom, eu só não vejo uma boa expectativa de retorno para um investimento deste porte. De qualquer forma, a menos de uma maquiagem especial para Shinzon, eu não consigo ver Law como uma versão mais jovem de Patrick Stewart. Sobre as ditas exigências de Frakes, Sirtis, Dorn, Burton e McFadden, só posso dizer que é bem possível mesmo, especialmente para Dorn, devido a forma IMBECIL como o roteiro divulgado trata Worf. Será que isto será suficiente para atrasar o filme por 1 ano? Eu acho muito difícil. Se o bicho pegar, Berman e Cia. vão “recrutar” personagens de Voyager para fechar o elenco do filme. Sobre o roteiro, já comentei anteriormente. O roteiro parece cada vez mais artificial a cada vez que leio.)
(NOTA SOBRE NEMESIS #2: Pode parecer “marcação” da minha parte mas Jack Mannion, o personagem de Graig T. Nelson em “The District”, também possui um cachorro, de nome “Cujo”, com quem ele também costuma “falar”. )