O site Ain’t It Cool News conseguiu colocar as mãos no roteiro de Jornada X, escrito por John Logan, com base em história dele, de Rick Berman e Brent Spiner (Data). Prepare-se para saber do que se trata o mais novo filme de Jornada, que terá o Império Romulano como foco central.
Aliás, se os rumores estiverem corretos, o filme deve realmente arrebentar. Diz-se por aí que o vilão-chefe do filme, Shinzon, será interpretado por ninguém menos que Sean Connery. A fonte é de um e-mail anônimo recebido pelo site Coming Soon. Ah, se for verdade…
Mas vamos à íntegra do review de Moriarty, colaborador do AICN.
Jornada nas Estrelas – Nêmesis
Jonathan Frakes certamente teve seu trabalho desenhado para ele.
Sim, é verdade. O Número Um está de volta à cadeira de diretor com este décimo filme do aparentemente infinito franchise de Jornada nas Estrelas. E antes de você decidir se deveria ou não ler o que eu tenho a dizer sobre o próximo filme par da série, saiba disso: sou conhecido como o cara que não gosta de Jornada nas Estrelas. Nem da série original, nem da Nova Geração, nem de Deep Space nine, nem de Voyager.
No geral, acho que há alguns pontos brilhantes aqui e ali pelo que já vi, e eu não “odeio” os shows. Falando da série de filmes, eu ainda acho que “A Ira de Khan” é o Padrão Ouro pelo qual os filmes deveriam ser julgados. “A Volta Para Casa”, um favorito dos fãs, me incomoda pelo quanto é piadista e profundamente bobo. Eu diria que meu segundo favorito é “Primeiro Contato”, porque, como “Khan”, é um filme de aventura principalmente, e não depende da imersão total do telespectador na sabedoria da série para ser apreciado.
Tendo dito isso, estou encorajado pela direção que “Jornada nas Estrelas – Nêmesis” parece estar tomando. O roteiro de John Logan, de história de Logan, Rick Berman e Brent Spiner, é construído de forma comovente, e se esse acabar sendo o último filme da Nova Geração na série, como tem sido especulado, é um ótimo jeito de deixar esses personagens. Há um senso de fechamento para eles, mesmo com o filme deixando um final em aberto.
O filme começa com uma sequência de créditos que prepara o mistério central da história. Vemos moléculas sendo manipuladas, genes sendo separados. Vemos uma reunião do senado Romulano, um garoto humano de três anos de idade em frente a eles, sozinho e assustado. Vemos a superfície do mundo Reman, planeta-irmão de Romulus, camuflado totalmente em sombra, onde o garoto é levado para as minas após uma última olhada para as estrelas acima. As imagens são completas e simples, e quando elas são explicadas mais tarde no roteiro, eu até as descreveria como assustadoras.
De lá, cortamos para a Terra. Alaska, especificamente, on a recepção do casamento de Will Riker e Deanna Troi está em curso. Picard está servindo como padrinho de casamento, e fazendo um brinde, desejando a eles “velas com bastante vento e um horizonte limpo”. Todos os personagens regulares estão na cerimônia: Beverly Crusher, Geordi La Forge e sua namorada, Dra. Leah Brahms (dos episódios “Galaxy’s Child” e “Booby Trap”, como marcado no roteiro), comandante Worf, de ressaca pela despedida de solteiro da noite anterior. Data interpreta “Blue Skies”, de Irving Berlin, com a banda, um óbvio cumprimento às habilidades de Spiner como um homem cantador e dançante. De algum modo, essa cena é o que me irrita em Jornada nas Estrelas. Todo mundo faz sua grande entrada, e sempre parece que eles estão atirando um osso aos fãs. Parece para mim como quando Fonzie faz sua grande entrada em “Happy Days”, ou quando Ted Danson entra em “Cheers” e a audiência aplaude. Os atores têm seu momento, se embebedam nele, e todo o senso de realidade é evaporado. Em um filme de aventura, eu não preciso de cinco páginas onde Beverly Crusher pergunta a Worf “Klingons dançam?”. Por outro lado, para fãs hardcore, eu suponho que essas cenas introdutórias sejam como reuniões de família, e que o equilíbrio entre servir o telespectador casual e o fã devoto é parte do que faz certos filmes na série funcionarem, e outros falharem.
De volta ao mundo Reman, descobrimos quanto tempo passou quando encontramos Shinzon, o principal vilão do filme. Ele e seu vice-rei olham para Romulus no céu acima, um ponto brilhante de luz, e falam sobre como seu plano está para acontecer. É um material padrão de “bad guy”, e é sempre a parte menos interessante de um filme como esse. Logan liga com ela rapidamente, entretanto, e com economia, e isso é que faz o roteiro vibrar.
De volta à Enterprise, eles estão a caminho de Betazed para a verdadeira cerimônia de casamento, onde todos devem estar nus, para o horror de Worf. Picard e Data têm uma de suas conversas patenteadas sobre uma faceta do comportamento humano. É um material bem confortável até eles detectarem uma assinatura eletromagnética em um sistema distante, uma bem incomum. Positrônica. Isso parece particularmente estranho, já que um sinal desses só poderia vir de um andróide como Data, e como só há dois andróides com essa assinatura (Data e Lore), fica impossível para a Enterprise passar sem verificar. Picard, Data e Worf levam uma nave auxiliar à superfície, só para Picard ter a chance de pilotar um jipe militar gigante do século 24. Há vários momentos no filme em que Picard parece estar aproveitando as coisas simples da vida, como um homem percebendo que está perto do fim de alguma coisa, e e essa caracterização, mais do que qualquer outra, que faz o roteiro funcionar, eu acho. Patrick Stewart sempre foi meu intérprete favorito de todo o material de Jornada que já vi, e ele merece esse tipo de papel.
Em vez de resolver o mistério dos sinais positrônicos, eles encontram outro mistério, ainda mais confuso. Os sinais vêm de uma réplica perfeita de Data que foi desmontada e espalhada pelo chão do deserto. Conforme eles pegam as peças, eles são atacados por um grupo de nômadesa alienígenas, e uma grande peça de ação de desenrola. Há muita comédia misturada com a ação, e será interessante ver se Frakes pode misturar as duas com o toque de habilidade exigido.
É especialmente complicado porque leva direto ao verdadeiro centro da história envolvendo Shinzon. Ele e seus soldados Remans invadem o Senado Romulano e anunciam seus planos de atacar a Federação em uma campanha militar vasta para tomar a Zona Neutra. Uma das razões perfeitas de ter John Logan para escrever esse roteiro é porque ele tra a mesma energia a esse material que ele deu às manobras políticas em “Gladiador”.
As duas histórias aparentemente desconectadas começam a se juntar rapidamente quando Shinzon manipula a situação de Romulus e Data tenta desvendar o mistério por trás de seu novo “irmão”, B-9 (ou “Benigno”, como ele é chamado [aqui há um trocadilho intraduzível, pois a pronúncia de B-9 é a mesma de “Benign”). Data está desapontado porque Benign parece não ser mais esperto que uma criança. Há uma estranha relação que se desenrola entre os dois seres que parecem idênticos na superfície, mas não são nada iguais por dentro. Para Data, esse é o momento definidor da busca por sua própria identidade.
Não viria como surpresa que é a Enterprise que é enviada para a missão quando a Federação descobre a situação em Romulus. E certamente não é coincidência. Logo que a Enterprise entra em órbita de Romulus, é atacado pela Ave de Guerra Romulana de Shinzon, a Scimitar, uma nave que pelo menos duas vezes maior que a Enterprise, munida com armamentos que a Federação sequer ouviu falar. Após seu primeiro encontro, Deanna percebe uma raiva profunda em Shinzon que parece estar totalmente focada em Picard. Assustado por uma razão que não pode definir, Picard termina falando com ninguém menos que a capitã Janeway, em uma ponta (ela tem duas grandes cenas).
É na página 52 que a maior bomba do filme é jogada, uma mudança que deixou o Robogeek engasgando de incômodo quando o contei na semana passada. Eu não vou entregar aqui, mas vou lembrá-lo de que a Paramount já confirmou que esse filme tem algo a ver com clonagem. A natureza de Shinzon e seu “irmão” espelham a história entre Data e o seu, e é válida de vários e inesperados modos. Nos dois casos, um dos duplos tem um fraqueza que faz dele de algum modo menos que seu gêmeo, e em ambos os casos, escolhas difíceis precisam ser feitas sobre o que essa imagem espelhada diz sobre eles mesmos. Os dois gêmeos foram criados para propósitos possivelmente perigosos, e ambos são eventualmente trazidos para entender algo sobre suas melhores naturezas.
O resto do filme é de muita ação, incansável em ritmo, e deve agradar o público imensamente contanto que a Paramount não use seu padrão meia-boca de orçamento para efeitos especiais. Chamem a ILM. Voês não terão muitas outras chances de agradar os fãs, e se esse cumprir isso, vocês estarão agradando uma audiência muito maior do que a normal. Isso poderia muito bem se tornar o maior hit de crossover para Jornada desde “A Ira de Khan”.
Há um eco definitivo no fim deste filme como se um dos principais personagens se sacrificasse de forma muito tocante, e os resultados disso são tratados com muita honestidade nas últimas dez páginas. Contanto que eles não minem o esforço à la “À Procura de Spock”, ele deve ficar o como um dos grandes pontos de emoção para todos os envolvidos.
Se todas as sequências fossem abordadas com o senso de invenção que esse parece ter sido, então talvez “sequência” não fosse um palavrão. Vamos apenas esperar que a jornada do roteiro para a tela seja bem-sucedida, e que ele prove ser o entretenimento enorme que parece ser nesse estágio.
Moriarty desliga.