Com este, se inicia uma sequência de mini-artigos sobre a próxima série de Jornada nas Estrelas. Tal sequência segue até o momento em que o autor assistir ao episódio piloto de Enterprise. Após isto, teremos uma cobertura baseada em mini-sinopses e mini-reviews, com o menor ‘delay’ posível com relação a exibição na UPN Americana. É óbvio que esta será apenas uma das frentes de cobertura que o Site TrekBrasilis irá oferecer, sobre a mais nova herdeira do legado de Roddenberry.
Como um preparatório para a estréia da quinta série de Jornada, estarei periodicamente comentando os fatos disponíveis e extrapolando (de forma responsável) sobre os mesmos. Pretendo oferecer possíveis respostas a questões, tais como: “Por que os seus criadores estão seguindo nesta direção?”, “Quais serão as maiores dificuldades desta nova série, tanto em termos de audiência, quanto em termos artísticos?”, “Quais são as armadilhas que ela vai ter que evitar?”, “A história do universo de Jornada corre o risco de ser rescrita?” etc.
Acredito que uma maneira interessante de se começar é lamentar que Enterprise vá ser exibida pela UPN e lembrar alguns dos principais erros cometidos durante a produção de Voyager e torcer para que eles não se repitam na nova série.
A rede UPN é a menos assistida das seis redes de TV Americanas e, sobre esta frágil audiência inercial, Enterprise terá que construir a sua própria. Espero que o grande investimento feito pela rede nesta temporada, melhore a qualidade de sua programação, melhore a sua audiência média e tire dos ombros de Archer & Cia. a responsabilidade de carregar a rede nas costas. Não digo isto por temer um cancelamento prematuro (não existe esta possibilidade com uma série de Jornada, ela vai chegar a sete temporadas como as 3 séries anteriores, sem dúvida alguma) mas sim por não querer ver os executivos da rede influenciando no processo criativo da série, de forma a aumentar a audiência a qualquer preço, algo que normalmente é nocivo artisticamente falando.
Devo admitir que a minha opinião pessoal sobre Voyager nunca esteve tão baixa e tal situação só tende a piorar com o tempo. Dentre os defeitos que transformaram Voyager em uma série absolutamente mediocre, e que não devem se repetir em Enterprise, temos: desrespeito a sua premissa inicial ; falta de qualquer tipo de planejamento a longo prazo ; falta de uma identidade única e própria, falha que se estende por todos os elementos da série (“Sobre o que é esta série?” “Qual é a sua contribuição para o Franchise?”) ; roteiros normalmente escritos sob o ponto de vista dos roteiristas e que tendem a tratar os personagens como elementos de trama e não como pessoas ; tratar os personagens como verdadeiros brinquedos para fazer roteiros funcionarem em seus termos ; falta de uma caracterização consistente, realista, complexa e sofisticada para os personagens ; falta de desenvolvimento dos personagens (mesmo o simples “ter que fazer escolhas difíceis e lidar com as consequências destas escolhas”) ; eterna reciclagem (e mesmo reciclagem da reciclagem) de histórias das séries anteriores (especialmente da Nova Geração) ; falta de reflexão sobre os caminhos que a série vai tomando (série escrita essencialmente em piloto automático, onde o único objetivo é terminar sempre o próximo episódio) ; falta de intensidade dramática, continuidade, qualidade sustentada, consistência e foco ; uso de “tecnologia mágica” para colocar (e tirar) os personagens de (falsa) encrenca ; TECNOBABOSEIRA (este problema TEM que ser extinto) etc.
Oservando a audiência da última Reunião Trekker RJ, durante a exibição de “Endgame”, último episódio de Voyager, com olhares incrédulos e gargalhadas, vendo os espectadores se perguntando a toda hora “o que diabos estes caras estavam pensando quando escreveram esta droga”, só posso torcer para que este capítulo negro da história de Jornada, chamado Voyager, tenha DEFINITIVAMENTE ficado para trás.