Valores de produção:
A direção de Alan Kroeker é segura e confiante, seja com a câmera na mão ou na ponta da grua. As cenas com as duas Janeways são infinitamente bem executadas, sem exageros puramente estéticos. Da maquiagem aos cenários, o episódio é visualmente soberbo. Um grande bônus vai para a equipe de efeitos visuais, pelo “TransWarp Hub”.
Dentre os atores regulares temos: uma raçuda (como sempre) Dawson, um competente McNeill, um digno Tim Russ, o eterno malabarista de roteiros ruins: Picardo, uma irregular Ryan, um (eternamente) comatoso e desmotivado Beltran, um (usualmente) medíocre Wang e uma pontinha inofensiva de Phillips. O destaque vai para Mulgrew no papel das duas Janeways, especialmente no da almirante. Ela protagonizou com Russ a cena mais tocante do episódio, a da despedida entre a almirante e Tuvok. Apesar de eu achar estranho certas escolhas da atriz (em certas cenas a almirante parece ter mais energia do que a capitão), eu tenho que admitir que ela se esforçou um bocado para o episódio funcionar em seus termos.
Schultz fez o seu bom trabalho usual, talvez só um pouco mais apagado do que de costume. Armstrong deu o seu melhor na pele do Klingon Korath. Krige definitivamente consegue impor uma aura mais malévola a rainha Borg do que Susana Thompson. Mas a minha indiferença com relação a personagem cresceu a tal ponto, que isto é essencialmente “irrelevante”. Herd, Intiraymi e os demais não comprometeram. O destaque absoluto (especialmente pelo pouco tempo de tela), dentre os atores convidados, vai para Lisa Locicero como Miral Paris.
Pontos secundários positivos:
Tuvok e Kim envolvidos no jogo de Kal-Toh, Seven e Neelix jogando Kadis-Khot on-line , Chakotay e Janeway discutindo o substituto de Neelix, o “bolão do bebê”, uma breve referência a espécie 8472, uma breve referência ao episódio “Unimatrix Zero”.
Pontos secundários negativos:
Paris e Janeway se abaixando enquanto a Voyager passa por baixo de um cubo Borg ;
Janeway se apresentando como a especialista definitiva sobre os Borgs, barateando as experiências de Picard com a coletividade ;
Inúmeras possibilidades de boa continuidade perdidas mas a mais descarada é o total esquecimento dos acontecimentos de “Unimatrix Zero”, o último “grande” episódio Borg antes de “Endgame” ;
Falta de fechamento para os personagens (especialmente com relação a questões não triviais envolvendo os Maquis, Tom Paris, Seven e o doutor). A sugestão de que os acontecimentos das vidas dos personagens se desenrolem de forma similar aos apresentados no futuro alternativo é insatisfatória para dizer o mínimo.