Robert Beltran já ficou famoso como o rebelde de Voyager. O ator, que interpreta o primeiro-oficial Chakotay, mandou seus guias espirituais indígenas plantarem batatas e mais uma vez desceu o malho na série que o alimentou pelos últimos sete anos.
Para ele, não houve tristeza no elenco pelo fim da série. “Não houve lágrimas. Quando acaba, acaba, e você precisa seguir”, ele disse, mais comportado, à revista TV Guide. “Os dois últimos episódios foram difíceis de levar, pelo papo técnico realmente duro que eles atiraram em nós. Não foi muito divertido. Na verdade, foi tão difícil que fiquei feliz que tinha terminado.”
Beltran não teve muito a dizer sobre o que as pessoas poderiam esperar da próxima série, mas de uma coisa ele tem certeza: “Bem, vocês não irão me ver!”, brincou. “Eu desejo a eles boa sorte. Eu acho que vai ser difícil para eles continuar explorando essa velha mina que parece ainda dar algumas pepitas aqui e ali. Eu só espero que eles possam continuar levando. Tenho certeza que eles irão.”
Apesar de questionar a qualidade atual dos roteiros de Jornada, o ator tem certeza de que a nova série será um sucesso. “Porque há muita gente lá fora que realmente ama essa série: milhões de pessoas no mundo todo. Eu tentei entender e não consigo. Em países onde eles estão se matando e se comendo, eles param para assistir Jornada. É um fenômeno estranho!”
Se as palavras do pseudo-indígena foram mais dóceis à TV Guide, em uma recente aparição que o ator fez na semana passada, no Reino Unido, voltamos a encontrar o Beltran de sempre, mais ácido que nunca.
O ator justificou suas críticas à série pelo desejo de fazer Voyager valer a pena, tanto para ele quanto para a audiência. Ele achou que houve excesso de atenção para Janeway, Seven e o Doutor, e gostaria que os roteiristas tivessem aceitado mais riscos em suas narrativas em vez de simplesmente se apoiar em tecnobaboseira. “Se você pode replicar coisas, se você pode transportar –onde está o conflito, onde está a crise?”
O episódio final da série, “Endgame”, não conseguiu redimir essa má impressão no ator. Ele considerou a história decepcionante. “Isso é com que vamos terminar?”, ele disse. “Eu estava certo, [os roteiristas] são idiotas. Por isso me sinto vingado, mas infelizmente vocês terão de sentar e assistir.”
Beltran também aproveitou a ocasião para tirar um pequeno sarro de Kate Mulgrew, ao comentar a postura de seus colegas de elenco nos últimos dias de filmagem. Segundo ele, a maioria estava feliz pelo fim da série, exceto por Kate Mulgrew, “porque ela não ia ter ninguém para chefiar”. Ele também aproveitou a ocasião para imitar Mulgrew como se ela estivesse no estúdio.
Uma das maiores críticas a Beltran é a de que ele não teria se esforçado para desenvolver seu personagem, apenas aceitando o que os roteiristas ofereciam a ele. O ator, entretanto, está satisfeito com seu trabalho. Ele comparou sua função a trabalhar em uma linha de montagem de automóveis. O funcionário vai trabalhar de manhã e executa uma tarefa, o consumidor compra o carro e está feliz, e o trabalhador levanta na manhã seguinte e faz a mesma coisa. Enquanto as pessoas estiverem felizes com o produto final, o trabalhador pode dizer que fez um bom trabalho.
As críticas de Beltran a Voyager em geral, apesar de agressivas demais, são pertinentes. O problema é um ator que não luta por seu personagem vir criticar. Outros críticos de Jornada, como Leonard Nimoy, podem falar, porque fizeram o possível e o impossível para preservar seus personagens. Beltran apenas aparecia no estúdio, recebia o cheque no fim do mês e nesse intervalo dava entrevistas atirando pedras nos roteiristas que não davam bom material para ele trabalhar. Seguramente, o ator não vai figurar nas listas dos mais queridos entre os fãs.
Fonte: TrekToday