Foram exatos 20 anos. Em 1º de Junho de 1992, ia ao ar nas televisões dos Estados Unidos o vigésimo quinto episódio da 5ª temporada de Jornada Nas Estrelas – A Nova Geração, considerado por muitos, um dos melhores episódios de toda a franquia de Star Trek. Vencedor de cinco Hugo Awards de melhor apresentação dramática, o episódio reflete a síntese da frase “Indo onde ninguém jamais esteve“. Neste caso especial, não falava-se de viagens espaciais, mas sim de mergulhar profundamente nas emoções do fã, falando direto ao coração. Revisitando-o 20 anos depois, percebe-se que ele resistiu ao tempo. E ainda é impossível ser indiferente ao episódio.
Partindo de um clichê de Jornada, a Enterprise encontra uma sonda alienígena que é imediatamente ativada. Um raio dirigido da sonda, atinge o capitão que que fica inconsciente em estado de coma. O clichê encerra-se por aqui onde a verdadeira história começa.
Picard acorda confuso no primitivo vilarejo de Ressik, do planeta Kataan, ao lado de uma mulher chamada Eline que diz ser sua esposa nos últimos três anos. Ela chama Picard de Kamin. No início, Picard renega, achando estar em uma simulação de holodeck, depois, passa um tempo buscando contatar a Enterprise, ainda mais que, Eline, usa um colar com o formato da sonda o que o deixava mais intrigado. Mas, com o insucesso em achar a nave, a insistência e paciência de Eline e seu de seu amigo Batai, somado aos anos – cinco para ser exato – acaba por acreditar que de fato esteve doente e que tudo aquilo que viveu como Picard foi um delírio. Aos poucos ele se integra na sociedade e busca viver a profissão de ferreiro, assumindo que ser um capitão de nave não passava de um sonho.
Com o passar dos anos Kamin constitui uma família, e insiste em tentar tocar um instrumento similar a uma flauta. Também se interessa por astronomia e seus estudos o levam a perceber que a seca que o planeta enfrenta, é um distúrbio ocasionado pela radiação emanada da estrela daquele sistema. Ele leva a descoberta por várias vezes aos líderes, sempre sendo ignorado já que suas ideias eram muito futuristas para compreensão total daquela civilização. Doze anos se passam, Kamin e Eline agora tem dois filhos. Meribor e Batai em homenagem ao seu melhor amigo. Meribor, a filha de mais adolescente chega as mesmas conclusões que o pai. O solo do planeta está ficando estéril devido a radiação da estrela que está morrendo. Kamin usa seu telescópio e consegue provas plausíveis de sua teoria e mais uma vez procura os líderes. Desta vez um deles confessa conhecer o problema já que os cientistas confirmaram a tese defendida por ele a dois anos. Infelizmente, todos estão condenados pois não existe tecnologia suficiente para deixar o planeta. Eles apenas lançam sondas não tripuladas, no máximo, atingindo a órbita do planeta. O único esforço possível é tentar preservar alguma coisa da civilização. Eline e o velho amigo Batai acabam morrendo de morte natural e Kamin agora é uma pessoa idosa, adorável com seus netos e amado pelos filhos. Nesta fase, está com 85 anos de idade. A seca no planeta chegou a um nível descontrolável. Seus filhos o chamam para assistir ao evento do lançamento de um foguete que parece apenas não ser de seu conhecimento. Perguntando a sua filha o que era aquele foguete, Meribor responde “Você sabe o que é pai. Você já a viu antes”. Ao insistir que não sabia, ele ouve a voz do seu velho amigo Batai dizer “Sim, você sabe. Você não se lembra?”. Kamin se espanta ao ver que junto aos filhos, está Batai não mais morto, mas jovem, da mesma maneira que ele o viu pela primeira vez. “Você a viu antes de vir até aqui. Nós tínhamos a esperança que nossa sonda encontraria alguém no futuro. Alguém que poderia ser um professor, alguém que poderia contar aos outros sobre nós”. Kamin ainda confuso ouve agora a voz de sua esposa, que também está jovem: “O resto de nós se foi a mil anos atrás. Se você se lembrar o que nos fomos e como vivemos, então nós encontraremos a vida novamente. Agora nós vivemos em você. Conte a todos sobre nós… Meu amor”.
De volta a bordo da Enterprise, a sonda se desativa, Picard retoma a consciência descobrindo que viveu uma vida inteira em apenas 25 minutos. Ainda desorientado, vai até a enfermaria. Passando pelo turbo elevador, instintivamente levanta a mão próximo da porta. Nas suas lembranças o mecanismo de abertura das portas em Ressik ficava naquela posição… O planeta Kataan como previsto, tornou-se estéril e desolado depois que sua estrela virou uma supernova à 1000 anos. Dentro da sonda, a tripulação da nave descobre uma pequena caixa. Riker a entrega a Picard que surpreende-se ao encontrar a flauta de Kamin. Picard, é agora conhecedor de flauta rassikana, tocando com maestria a melodia que aprendeu durante toda a sua vida como Kamin.
O tema deste episódio e o solo de flauta foi composto por Jay Chattaway. Anos depois ele expandiu a música para 6 minutos. O solo foi incluído no CD especial de aniversário de 30 anos de Jornada nas Estrelas. O tema inclusive, fez parte da apresentação da Orquestra Alemã Symphonic Wind Band of Landau. Para relembrar da música, veja aqui o vídeo da orquestra, com direito a Maestro vestido a caráter.
Vale lembrar que este episódio é um dos três selecionados ao processo de remasterização de A Nova Geração no projeto Star Trek: The Next Generation – The Next Level.
Fontes:
Startrek.com
Memory Alpha
Wikipedia
Crédito de imagem: Otis Frampton